segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Perfeitas tempestades...


Há pequenas fugas de ar num céu que se abre enquanto o mar se fecha...lacrar cartas que não se renovam...fechar portas envelhecidas em olhos lassos...passear por uma rua estreita que muito amiúde se vai alargando, libertando grandes memórias que em alturas assolaram o coração...vamos andando lentamente mesmo que os primeiros passos sejam amedrontados...vamos compondo música em compassos comedidos, soltamos uma nota depois da outra...um sustenido solto em cordas de aço...perder imagens em datas importantes que acabam por não ter significado algum...desvendar segredos folheando algumas páginas em branco...queimar as mãos com gelo...deixar chover na alma...não pensar demasiado para não estragar as horas que outros ao perto relembram em tropel...que foram que são que teimam em ser ainda...pensar que num céu há sempre uma estrela que brilha com mais força que a outra...que não há palavras imensuráveis em cada sonho destilado...deixa brilhar, o azul do mar, o verde da árvore, a luz do sol, a beleza da madrugada abraçada em conflitos verbais...sente a liberdade quando se renasçe...sente esse frio que se instala nas mãos...põe só um pé depois do outro...a última passada será bravia mesmo que ainda sintas aquela raiva dilacerada...a rua será uma estrada larga sem grandes cruzamentos...deixa cair o livro que foi lindo de ser lido mas que merece ser esquecido na estante...que o tempo não vá sozinho...é deixá-lo dançar em ritmos quentes... ele saberá onde fica o limite da eternidade...faz um pacto mas nunca de silêncio...fecha as portas de uma floresta que arde...lacra as cartas...fecha a memória por breves instantes...fecha a porta e dá a mão a quem te espera do outro lado...sente a magia que se renova num sim...sente um olhar opulento...deixa-o entrar...perder o medo..e bem devagar...acreditar que todas as vitórias nascem quando morremos em perfeitas tempestades...

Pandora

1 comentário:

Anónimo disse...

Acreditas em coincidencias? eu paasei a creditar desde que leio o teu blog. Por vezes nao entendia o que se passava comigo mas agora revejo-me nos teus poemas.