quarta-feira, fevereiro 21, 2007

O lugar das novas estrelas


Não me apetece ver...fecho os olhos..espero uns segundos..tento concentrar-me...tento não me lembrar daquilo que não posso esquecer...tento respirar o ar leve das poucas certezas...tento dizer que sim às mãos...corro sem direcção num espaço fechado enquanto uns olhares procuram os olhos de alguém...que marcou...que ficou...que permanece ainda...que se arrasta por ti...que se vê...que se sente...se respira ainda...nada propositado...nada de certo, nada de errado...mais um bocadinho e seria a insignificância das estrelas...mais um bocadinho e seria o "agora"...mais umas horas e seria a chuva numa tarde de Domingo...menos um bocadinho e seria um sorriso...mais umas horas e estou aqui...no mesmo sítio...quase imortal no tempo que se gasta...com a memória em sobressalto...com as mãos apertadas...com o coração cheio...com a alma em medo...vou caminhar não muito rápido para não me cansar..vou devagar..até onde me deixarem ir...vou correr riscos...vou pisar areia, lama...vou andar sobre girassois mas bem de levezinho para não os magoar...vou agarrar estrelas para guardar e fazer renascer sorrisos..vou acreditar como quem vem ao mundo pela primeira vez...vou esquecer um gesto, uma pergunta, uma resposta...vou só ficar à espera de me encontrar...e vamos pelo tempo...esquecer velhas estrelas...vou em passos lentos a apreciar a inquietude de se estar a crescer...a acalentar o momento como quem acredita que há um lugar feliz para se sentir vivo...vamos devagar e esperamos encontrar tudo o que as novas estrelas são no seu simples lugar...

Pandora

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Perfeitas tempestades...


Há pequenas fugas de ar num céu que se abre enquanto o mar se fecha...lacrar cartas que não se renovam...fechar portas envelhecidas em olhos lassos...passear por uma rua estreita que muito amiúde se vai alargando, libertando grandes memórias que em alturas assolaram o coração...vamos andando lentamente mesmo que os primeiros passos sejam amedrontados...vamos compondo música em compassos comedidos, soltamos uma nota depois da outra...um sustenido solto em cordas de aço...perder imagens em datas importantes que acabam por não ter significado algum...desvendar segredos folheando algumas páginas em branco...queimar as mãos com gelo...deixar chover na alma...não pensar demasiado para não estragar as horas que outros ao perto relembram em tropel...que foram que são que teimam em ser ainda...pensar que num céu há sempre uma estrela que brilha com mais força que a outra...que não há palavras imensuráveis em cada sonho destilado...deixa brilhar, o azul do mar, o verde da árvore, a luz do sol, a beleza da madrugada abraçada em conflitos verbais...sente a liberdade quando se renasçe...sente esse frio que se instala nas mãos...põe só um pé depois do outro...a última passada será bravia mesmo que ainda sintas aquela raiva dilacerada...a rua será uma estrada larga sem grandes cruzamentos...deixa cair o livro que foi lindo de ser lido mas que merece ser esquecido na estante...que o tempo não vá sozinho...é deixá-lo dançar em ritmos quentes... ele saberá onde fica o limite da eternidade...faz um pacto mas nunca de silêncio...fecha as portas de uma floresta que arde...lacra as cartas...fecha a memória por breves instantes...fecha a porta e dá a mão a quem te espera do outro lado...sente a magia que se renova num sim...sente um olhar opulento...deixa-o entrar...perder o medo..e bem devagar...acreditar que todas as vitórias nascem quando morremos em perfeitas tempestades...

Pandora

domingo, fevereiro 11, 2007

Do you remember?

Vamos voltar no tempo, vamos adiantar as horas, vamos esperar porque todos os minutos são aquilo que queres viver e relembrar...Vamos voltar no tempo?

Pandora

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Do sete para o oito...

Arrisca e vai até onde o sorriso te levar…sustenta cada sonho como se não soubesses que há amanhã…porque se quisermos não há… deixa que a luz desapareça…que venha fraca para despertar as sementes de girassol…faz o teu ninho e deixa que ele se desfaça quando as estrelas nascem…faz uma guerra de paz quando o teu espírito respira num tom eterno…despe a tua flor…trata-a com carinho como só quem já teve um jardim sabe fazê-lo…recolhe as pétalas e guarda-as nas tuas mãos para que sintas como lhes fazes bem…espera um momento porque afinal as horas são só pequenas partículas à solta entre muros de um mundo semi-descoberto…espreita pela curiosidade e desliza pela ternura da alma…abraça-a e espera…preocupa-te com as flores sempre que quiseres, só assim sabemos quantas tulipas e saudades se interceptam num quadro pintado a óleo e algo mais…perde-te num filme rosa e branco para fugir aos olhos da imaginação…estende a voz, a mão, o medo, não contes nada porque a magia não é quantificável…do sete para o oito passando por vários cincos…recorda anos guardados entre o verde e o roxo entre a mágoa e a vontade de regresso…não compares deixa só que cada tesouro tenha o valor incomensurável do nada que sempre se teve…solta as palavras acauteladas num momento de afoiteza…não conceitues não te deixes cair em arrependimento porque todas as histórias encantadas são protegidas por fadas vestidas de verde…do sete para o oito e mais uns kilómetros em tropel num país de segredos escondidos…confia com todas as certezas que queiras ter, não tenhas medo de pisar nos sonhos porque à noite até as estrelas nos sustentam, nos fortalecem os sentires estranhos e nos deixam persuadidos pela luz que não aparece…não acordes…acolhe a noite para a noite…vive de sorrisos, de grandes perguntas, de mágicos livros escritos sem pressa e verás que do sete para o oito entre vários cincos e poucos medos o dia chegará e serás intensamente feliz…do sete para o oito? Fala sem pudor dá as respostas que a tua alma te pedir…desce sem medo…confia no sorriso de um murmúrio em sintonia…acolhe a noite e fica com a certeza que há um girassol, uma estrela, um ou dois números mágicos que só te farão sorrir se aos olhos da felicidade chamarem loucura…
Pandora

domingo, fevereiro 04, 2007

Um momento...

Sim é mais um dia...uma correria de minutos que se espalham se dissipam no berço da ausência... Sente-se o frio que cristaliza cada canto do relógio...O que tá diferente? Uma breve lembrança de perguntas dificeis...Uma ou outra hora de silêncio...Talvez mais do que isso...horas e palavras escondidas...falta de cor, falta de brilho...nostalgia...vai escorrendo pela mesma parede fria de sempre...São mais umas horas...mais uns silêncios..e sim é mais um dia que se perde num momento de nostalgia...

Pandora

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Palavras...pouco mais que isso...

Falta-me a inspiração...tenho os dedos adormecidos pelo medo inerte em tempos de inverno, em tempos de tudo e de nada...em tempos de tempo que se esvai como se mais nada se pudesse esperar...Desço a rua...subo o muro...salto e perco-me entre os matagais de velhos girassois...Não quero saber, ouvir as palavras, rasgar os sentidos, suspirar com o vento que encanta melodias da paisagem...Quero ir às entranhas dos sonhos guardados em qualquer hora, em qualquer dia...em que ano? Em que caixas de ferro frio? Quero esquecer uma ou outra morada que em mim se esgota...Vamos movidos pela vida...chegamos a todo o lado...a lado nenhum...sem força...sem voz...Sim o mundo das palavras está em chamas...arde letra a letra, pergunta a pergunta...não há respostas..não há certezas...há pavor...há reticências em cada frase que se pendura naquela porta...Submerso...o mundo mágico..as janelas...as estantes...o mar...o rio...página a página de um livro que se depaupera por entre a luz e a quimera...e tenho assim...como que uma cor de nada absorta...estendida num tapete de vidro...de fogo...de raiva...de nada..de alucinações em branco...de sonhos em rebeldia...de perguntas, de...para...sem respostas...horas?...perdi os meus ponteiros...desbravei cada sentimento inefável...Desvaneios...pouco mais que pequenos surtos imaginativos em inquietas explosões de saudade...A tempestade perfeita...a alma feliz suspira um segundo que exaure...As palavras são isto...soltas..leves...aspirantes a grandes verdades...são o que não conseguimos dizer quando em horas de medo nos falta a inspiração...E agora...mais uma hora de silêncio...cinco minutos de sorrisos...e uma eternidade de palavras incertas que nos falam ao coração

Pandora