sexta-feira, setembro 21, 2012

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Sempre seremos aquilo que construimos...uma parede gasta, uma alma de sombras, um bloco esquecido, uma foto no armário.... Somos esses rastos de nada quando pensamos que temos tudo...Hoje posso dizer que construi muita coisa..que a minha vida é uma escultura lapidada vezes sem conta..Que fiz esboços errados, que pintei em quadros que nunca ninguém viu...Estive em locais sóbrios que não se esqueçem...A vida leva-nos sempre para onde os pés nos arrastam..se hoje tenho uma história é porque não me faltaram personagens..agarrei os sonhos como quem corre por vingança...amei as minhas palavras e foram elas que me deram vitalidade...Somos aquilo que queremos mudar..sem medos, sem clausuras, sem saltos no abismo...Tenho em mim aquela leveza de traduzir a alma por letras..Quantas vezes me pergunto se este é o meu lugar..e a cada dia que passa fica a certeza que não pertenço a lado nenhum felizmente...A minha mochila está cheia de mapas, de bussolas sem ponteiros. O que seria de nós se não nos perdessemos? 
Nem sempre tenho um destino e fraco é aquele que segue uma rota...Gosto de pesadelos, só eles nos permitem viver situações sem nexo numa sociedade formatada...Desabafos? talvez...estranhos? porque não? gosto deste lado exuberante de esgotar o tempo, de pisar a voz com palavras, de rasgar os sentidos como se nascesse hoje e de viver a vida como se não morresse amanhã...E a vida é isto.. é apenas aquilo que construimos e que deixamos fluir entre reticências...