quarta-feira, setembro 26, 2007

Com as mãos a cheirar a neve...

Cheira a neve quando o sol se aproxima da janela...cheira a repetição de palavras...Temos sonhos perdidos como balas, temos flores que perdem a cor se não cuidarmos delas, o tempo gasta-se...as folhas parecem gastas algumas velhas até...
Acreditamos e voltamos a acreditar...acreditamos que as àrvores vão ser a nossa sombra anos a fio...acreditamos que os amigos são a eterna morada do tempo...acreditamos que a vida pode ser o resumo dos sonhos perdidos...acreditamos que nunca estamos sozinhos quando o que temos são muros em vez de paredes...acreditamos que o adeus é curto como uma morada incerta...Descemos do mundo do acreditar e desacreditamos tudo quando temos de travar as batalhas sozinhos, desacreditamos o inverso,a angústia da alma, a credência da magia, as palavras soltas, as paredes de giz que escorregam pelas mãos...Cheira a outono, a amarelo, a verde desmaiado numa sincope sazonal...Cheira a saudade, a incerteza do mundo na voz... Deixa-me desesperar por breves minutos...misturar os sentidos, amanhecer numa corrente de flores raras, deixa-me relembrar a saudade e esperar que os sonhos não sejam a repetição deles mesmos e que desta vez não me tenha enganado ao entrar no mundo onde tudo é permitido...o mundo das horas, da imaginação, perdido aqui talvez além...Cheira a neve? Deixa-a derreter no vazio das mãos, pela sensibilidade dos olhos ou deixa-a apenas morar na inquietude do coração...

Pandora

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