segunda-feira, janeiro 08, 2007

Um arrepio


Dá-me um arrepio de tempo...não importa quanto...deixa-me sentar e esperar a próxima onda...que não vem, não flutua...simplesmente não aparece...Dou 2 ou 3 copos vazios a uma conversa esquecida, a uma desilusão indecifrada, a uma história inacabada...Quantos amontoados de segredos? Quantas vezes te segrego a alma, te aperto contra o meu pensamento...Quantos olhares roubamos enfim a uma página em branco...Será que eu estava viva em algum lado ou seria apenas uma lembrança em horas de desassossego? Sentes a saudades que te aperta o peito? Esse momento estranho de quem não sabe o que pisa e de quem anseia saber o fim da história...Será que todas as minhas histórias têm heróis e fadas e jardins encantados? Conhece-me mais um bocadinho..Pergunta o que quiseres saber...eu respondo...Dá-me um arrepio não de tempo mas um arrepio de alma...como quem desce a mão num abraço...como quem faz cócegas com um sorriso...como quem estremece com um sim ou um não...como quem simplesmente espera um navio seguro...Fecha os olhos quando estiverem cheios de água...Ouve uma música de forma diferente e partilha isso com alguém...surpreende-te...suspira...eu digo-te que sim ou que não, talvez mais do que isso se a saudade me atravessar a porta...Há ainda um gosto de uma lembrança, o risco de uma tempestade interior, há ainda tinta fresca no meu quadro de girassois e estrelas...Há pouco mais que umas horas mal dormidas, que umas dúvidas entrelaçadas...Há ainda tempo para redescobrir sonhos...para responder a perguntas que nos fazem flutuar...Partilha um lugar, um sonho, um filme, uma música, um gelado ou só um olhar...Partilha por partilhar mas não vivas só por viver...Elogia alguém com o coração,sorri quando sentires o coração nervoso...Acalma a voz, desacelera o pensamento com respostas estranhas...Estendes a mão e alguém te dá a resposta que esperas...Dá-me um arrepio...desses que não sabem a despedida e que pretendem ser só a continuação de sonhos adormecidos num país distante onde as bolotas cantam e o rio brilha...onde cada um adormece sozinho com a alma leve e o coração apertado...Dá-me um arrepio...de tempo...de alma...e lentamente, não mais que em passos adormecidos eu fecho os olhos e espero um arrepio desses que nos estremecem o coração e nos castigam a memória...uma arrepio de quê ?Um arrepio com cheiro a paraíso...
Pandora

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