quinta-feira, janeiro 18, 2007

Que horas são?

Horas? Tempo? Brisa? É estranho? Talvez o seja...Tinha escurecido e o vento trazia qualquer especie de esperança que às vezes morre numa varanda elevada num azul rebelde,um céu que chora, uma luz que invade cada canto da parede e se perde no chão...É fácil permanecer com os pés na terra quando o corpo fica vazio, quando a alma enfraquece de medo e quando os pensamentos se desfazem em músicas, em pequenos desvaneios verbais que ora parecem perto ora se distanciam...Horas? Vão se gastando na pele, vão se esperando nos pequenos toques da alma...Vou suspirar, vou pensar que o sonho canta para as estrelas...vou esperar mas não demasiado porque pode ser tarde...Tempo? Mistura as cores, absorve o que precisares, segreda o que não segredaste com ninguém, aprecia o momento quebrado pelos olhos que descem por mim...Brisa? Abre a janela e respira um ar leve mas salgado, fecha os olhos, abre os braços, diz o que sentes e arrepende-te do que calas no silêncio...Não fujas com pressa...solta os passos e vai onde deves ir...deita-te e espera que um braço se cruze outro se entrelasse,não caias em ansiedade...não inventes nada...apenas sente...disfarça o medo que te salta das mãos, dos olhos, das palavras...acredita só se quiseres,mas não duvides...solta a magia em suspiros à meia luz...escurece e vive cada instante...diz o que pensas em horas de vazio interior...não programes, não calcules...não geles a alma só porque um dia acordaste num pesadelo...afasta a solidão e cresce entre quatro paredes...não gastes todos os relógios nem a retina...aquece o frio e sorri...escolhe o teu lado...tenta perceber a letra que o vento tão docemente dedica a uma janela...oferece-te alguma certeza...uma que seja que acabará por surgir...vira-te para onde está alguém...ouve o coração da escuridão, faz desenhos com os dedos...liberta-te, rompe com essa ponte de vidro para deixares partir o medo...Uma hora, duas ou talvez mais numa história de fadas...Tempo para ouvir o que não queres dizer...um sopro que percorre as costas, uma voz que solta ao teu ouvido, um deslizar que em segredo guarda cada segundo...olha para o lado direito e respira fundo porque hoje não estará ninguém...Estranho? Uma luz fundida, mais um relógio que se parte em pensamento, mais um movimento, mais um pedido, mais um laço na voz das estrelas,uma janela que abre, um acordar arriscado e diferente...um olhar estranho, uma boa memória, um sonho vivo, morto de medo...Que horas são? Será que ainda há tempo para se dizer tudo em silêncio?Apaga a luz, solta o medo da mão.Estranho? Talvez sim mas para mim não...
Pandora

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