sábado, julho 29, 2006

Sem nexo

Lamentar a vida de vez em quando, repreender a sorte pela sua ausência, navegar num céu azul de inquietudes, correr atrás de um raio de sol, fugir ao vento por breves instantes, gritar dentro de nós mesmos, escrever sem nexo, viajar sem rumo, relembrar memórias em tempos de solidão, chorar com um sorriso, stressar com a vida, repudiar o destino, seguir uma estrada sem saída, sair sem vontade, complicar o complicado, rasgar velhas raivas,desafiar a vida,soltar novas melodias, redesenhar o definitivo, viver como se quer e enfim, só escrever sem nexo...
Uma nota numa hora morta
Pandora

sexta-feira, julho 28, 2006

Dalai Lama


Perguntaram ao Dalai Lama:
O que mais te surpreende na Humanidade?
E ele respondeu:
"Os homens...
Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer...e morrem como se nunca tivessem vivido..."
Há coisas que de facto nos fazem pensar na forma como encaramos a vida..e esta é uma delas...
Uma nota para uma hora morta
Pandora

terça-feira, julho 25, 2006

A alma sorri

Disseram-me um dia que "tudo que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível"...
Talvez seja verdade... Ele ficava horas a falar, com as piadas muito próprias que nos fazem soltar uma gargalhada mesmo que esta não se veja...Ela permanecia no silêncio fixada numa imagem que desejava guardar para sempre...Parecia voar sem ter asas e sentia que todas as lembranças lhe corriam nas veias...Acendia mais um cigarro, saberia que iria ter sobre ela um olhar de reprovação mas não encontrou outra forma de estar...Ele continuava a gesticular e a falar das pequenas paixões enquanto nós retribuiamos com um sorriso...As horas passavam e tudo parecia igual, o mesmo sitio, as mesmas pessoas e o tempo, esse corria com pressa...E às vezes a alma sorri..não precisa de muito para se sentir feliz, basta o suficiente por muito ilusório que isto possa parecer...É fim da tarde...Mais um dia que morre a passos lentos...Voltamos para casa como todos os dias e só então reparamos que todos os momentos são pequenos espaços que guardamos em algum lugar, um lugar onde só há espaço para pequenos desabafos e grandes histórias...E a alma sorri...
Uma nota para uma hora morta
Pandora

sexta-feira, julho 21, 2006

Instante

Deixa-me falar por um instante. Vou divagar...Vou nadar contra a corrente...Vou saltar de um prédio de 13 andares construido por momentos de saudade...Vou passear pela cidade do sonhos...Vou ensinar-te a sentares-te num banco de jardim...Quero que aprendas a observar sentimentos...Vou mostrar-te como se anda numa estrada acidentada feita de memórias...Quero que sejas capaz de sair da eterna clausura das velhas histórias...Vou ensinar-te a falar pausadamente, silenciosamente...Quero que saibas o quanto o silêncio pode ser merecedor de grandes aplausos...Vou ensinar-te a respirar quando o ar está pesado...Só assim poderás compreender qual é o momento certo para respirares profundamente...Vou mostrar-te tudo o que o mundo me ensinou..com todos os erros,todos os riscos, todos os sorrisos e apertos do coração.Vou ensinar-te tudo o que souber...porque amanhã pode já não existir madrugada...Quero enfim só falar-te neste instante que passa...Ensinar-te enfim o que há em mim. Acabou o meu instante...Agora deixo-vos para a vida...

Uma nota para uma hora morta

Pandora

terça-feira, julho 18, 2006

O Principezinho e a Raposa


Para quem não leu, este é o excerto do livro " O Principezinho"que mais nos ensina sobre relações humanas...Um bom texto para reflectir...
" Bom dia, disse a raposa. - Bom dia, respondeu o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira... - Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita... - Sou uma raposa, disse a raposa. - Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste... - Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda. - Ah! desculpa, disse o principezinho. - Que quer dizer "cativar"? - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..." - Criar laços? - Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um rapaz inteiramente igual a cem mil outros rapazes. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... Se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra. O teu chamar-me-á para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe: - Por favor... cativa-me! disse ela. - Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. - A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! ... "
"O Principezinho"-Antoine de Saint Exupéry
Uma nota para uma hora morta
Pandora

segunda-feira, julho 17, 2006

Monólogo

Às vezes gostava de ser um frasco vazio, perdido no vácuo, esquecido no tempo numa prateleira repleta de pó...A vida parece uma praia adormecida numa noite de verão, uma esperança que cintila para lá de algumas estrelas...Dou por mim a pensar quantas são as vezes em que tentamos fugir da própria sombra com medo de sermos apanhados por ela? Tantas...Nem sempre conseguimos é verdade, mas por breves instantes tivemos a certeza que fomos levados pelo medo e pelo sonho...Sentimos o corpo a ser arrastado numa corrente de memórias que há anos morreram em nós...somos impotentes quando nos sentamos num rochedo e vemos o quanto o mar nos canta em silêncio...teimamos em não ouvir..tudo é mais fácil quando fugimos de tudo o que nos assusta...e tudo fica mais complicado quando fugimos disto durante muito tempo...Os anos passam, sentimos a voz presa, os pensamentos soltos demais e as palavras estão saturadas. Passamos metade de uma vida a lamentar o que não somos capazes de fazer... Sorrimos só quando temos um motivo, choramos sem motivo nenhum...enfim às vezes gostava de ser um frasco vazio e muito lentamente encher-me de vida, de raiva, de tudo o que me mantem de pé quando o céu solta a sua maior tempestade...


Uma nota para uma hora morta

Pandora

sexta-feira, julho 14, 2006


Sê tu nesta hora que passa...
Sorri como o Sol numa manhã de Verão quase irrespirável....
Trata os teus poemas à luz dos teus sonhos, guarda-os com carinho porque um dia tudo fará sentido...
Corre se essa for a tua vontade e acolhe o vento, só ele te dirá quando tens que ajustar as velas...
Sobe até ao ponto mais alto, não grites, ouve só a serenidade do silêncio...
Colhe uma flor e ofereçe-a a ti, porque afinal a felicidade passa por gostarmos de nós mesmos...
Lê o livro da tua vida sob a sombra de uma velha árvore, só aí te sentirás em paz...
Não penses, não te antecipes, respira só o ar do pôr-do-sol, vive calmamente, um segundo depois do outro...
Deslumbra-te com o anoitecer, assiste à saudade do Sol e da Lua...brilham um pelo outro a kms de distância...sentem-se desgastados mas não desistem...
Escolhe uma estrela, mas lembra-te que por muito que as contes nunca poderão ser tuas...
Faz o que te sentes incapaz de fazer, só assim poderás dizer "eu tentei"... o "não consegui" faz parte da vida, ensina-nos a sermos mais fortes...
Procura os teus amigos, mesmo que eles não te procurem a ti, a amizade é um dar e receber onde ninguém percebe quem dá e quem recebe...mas eles são o nosso porto seguro...
Baralha-te de vez em quando, desafia a tua inteligência, só te sentirás orgulhoso de ti quando desafiares os teus limites...
Relembra o teu passado, esta é a única forma de perceberes que todos os caminhos têm uma saída e só assim saberás sair deles...
Vive o hoje, o amanhã será só mais um fragmento daquilo que "hoje"construíste...
Senta-te e descança, só assim conseguirás saber se o dia foi positivo e acredita que se suspirares e sorrires podes ficar com a certeza que foi um bom dia...
Não fiques à espera que esse dia apareça, procura-o mas muito lentamente, é sempre bom termos medo de encontrar a felicidade...sorrimos mais facilmente quando ficamos surpresos....
Sorri sempre, o dia é curto demais....e já que temos que viver e temos, mais vale fazê-lo com orgulho, por muito que sintamos que as nossas asas foram cortadas...
Se tiveres que chorar, chora...só assim saberás que as lágrimas são salgadas...
Sejamos felizes...esta é a tarefa mais dificil, mais dolorosa e mais lenta...
Ouve a tua consciência, só ela te poderá levar ao alto daquela montanha onde o Sol e a Lua sonham se encontrar um dia, onde podes ouvir o eco do teu grito, onde podes ler o teu livro em paz, onde podes escolher uma estrela para a contemplar com um sorriso e enfim onde podes desafiar o tempo e caminhar por entre o fácil e o dificil...só assim serás capaz de te encontrar...esse é o verdadeiro desafio...o resto? são só pequenos pormenores do tempo...
Uma nota para uma hora morta...
Pandora

sábado, julho 08, 2006

"Pedido"

Hoje resolvi partilhar com voçês, um texto que um amigo meu me ofereceu. Cá vai:
Há muitos anos, houve um pai que resolveu escrever a seguinte carta ao professor do seu jovem filho, que acabara de entrar para a escola primária.
"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, por cada vilão há um heroi, que por cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que por cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota mais honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque outros também entraram.Ensine-o a ouvir todos, mas na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando está triste, e explique-lhe que por vezes os homens também choram. Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste de fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.Eu sei que estou a pedir muito, mas veja o que pode fazer caro professor".
Abraham Lincoln, 1830

Uma Nota para uma Hora Morta

Pandora

quinta-feira, julho 06, 2006

Poema Ridículo

Há um frio que escorre pela parede do meu quarto…
Há um amontoado de cartas velhas sobre uma mesa quadrada de ferro verde que permanecem esquecidas…
Uma caixa de livros escritos por várias vozes…
Um quadro pintado num momento de luxúria…
Uma estante de CD’s que guardam as músicas da minha vida…
Há como seria de esperar, uma história infantil num quarto de tons rosa…
Um jardim mágico de sonhos onde escrevo, onde vivo e revivo por segundos…
Onde em quase ou por momentos há uma clausura inerte onde todos se prendem numa noite amargurada …
Sou voz, sou frio, chuva…às vezes sol e estrela, sou eu na minha plenitude de existência numa ausência de vida…
Sou em sem o ser, sou um livro branco que se escreve por segundos de tempo ancorado em águas do atlântico…
Quando dou por mim observo tudo o que em que de fora de mim se coloca…
Observo com os olhos que um dia vêem, outros se calam e quando acordo tudo continua intacto, voando pelo tempo.
Há ainda um frio que escorre pelas paredes do meu quarto…
Há um amontoado de cartas velhas” tão ridículas como o amor”…
Tudo parece intacto…porquê?
Porque afinal nós nem sempre estamos onde estamos e a vida é este livro de frases soltas que nos saem do coração…

Fiquem bem...

Uma nota para uma hora morta

Pandora...