Perto demais

Pouco mais de 90 dias, pouco menos de 10 meses e o tempo flui entre as mãos...dar 5 passos para trás, 2 em frente, um para a esquerda...Parar...não ir a lado nenhum ou então arrastar lentamente com olhar de vencido...Ouvir o tempo de um Outono chuvoso, respirar o som que indubitavelmente se aproxima quando se afasta, falar de saudade, contar minutos, esperar o caminho certo, esquecer o que a memória não apaga, pensar com os dois pés e as duas mãos...Estamos perto demais, longe demais...é demasiado delicado flutuar como uma bala de canhão?...Sentir que sou a filha do vento por uma última vez...pensar...arriscar...esperar o dia que nunca chega...envelhecer...voltar no tempo...soltar um grito...ouvir o próprio respirar...acordar...respirar como quem nasce...reviver como quem relembra...saturar a alma com o minuto que te resta...esse tempo cruel que nada te diz, que não percebes porquê porque afinal nunca questionaste...não sintas por sentir, não fales por falar...Pouco mais de um dia, umas horas para guardar...Vamos pensar..em quê?Os pensamentos não se contam a ninguém, passam como as horas, os minutos...envelhecem como as fotos a preto e branco...desfazem-se como cinza e simplesmente renascem...Parar...não ir a lado nenhum...ser feliz...cumprimentar estranhos,ver o tempo passar em outro lugar e sorrir quando pensar que estive perto demais...

Uma nota numa hora morta

Pandora