quinta-feira, outubro 26, 2006

Crónicas de um Outubro Azul


Há um som estranho que navega na escuridão de um sentir...
Há de facto uma voz que se quer perder, que se imaginou, que se pretendeu lutar, que se repudiou mas que se alimentou com hortelã verde...
Há um passo ao som da música enebriada por uma rajada de vento seco em noites de tempestades...uma bolota que cai numa hora que se perdeu...
Há ainda um espaço vazio num livro lido milhares de vezes...
Há uma carta perdida que me espera na caixa do correio, está velha, sim.
Há como não podia deixar de ser uma serie de perguntas que nunca se fazem, que se perdem na cobardia de mais um dia estranho...
Há um suspiro nostálgico com cheiro a marrocos...com cheiro a praia, com cheiro a rio para guardar e um dia contar aos netos...
Há um amontoado de ideias guardadas na gaveta, há fotos em que a luz começa a ficar amarela...
Há um jardim adormecido do outro lado do rio, um gelado que derrete, um barco solitario...
Há infelizmente noites em que as estrelas morrem...as janelas fecham-se, as portas lacram-se...
Mas o importante é que "Há" não passa de uma forma verbal no tempo errado alimentada por pequenos fragmentos de sorrisos e abraços, que ao fim e ao cabo só os amigos sabem fazer...
Esses humanos com mentes brilhantes que não nos desamparam, não nos desiludem, não nos fazem acreditar no que nunca existiu e acima de tudo nos suportam em qualquer noite de tempestades.
Ela vive sem bolotas, sem bacardi com hortelã, sem cheiro a praia e a rio, sem fotos a preto e branco, sem cartas, sem gelado,sem tudo enfim que durante minutos de crueldade pensou ser a sua história, a sua "love song", o seu poema perdido...
Adormeceu em luas de prata, em nuvens de cetim,talvez não, talvez sim...e...se houver ainda um sorriso guardado...solta-o com sinceridade, não digas a ninguém"deixa-te ir"se não souberes o que te espera, e quando acordares veste uma cor que tenha a ver com o teu estado de espirito, só assim os outros saberão como te sentes...
Há ainda muito para soltar num tom de voz arrepiante rasgado por um Outubro Azul e ela ali permanece a pensar no que há ainda nas suas mãos, o que resta dos seus pés, o que resta de si...de nada...de longe...de perto...de infinito...de estranho...de nada de concreto...
Há ainda o sonho que nos leva pela vida...

Uma nota numa hora morta

Pandora

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