sexta-feira, outubro 26, 2007

O amargo do doce...

O passar leve do nada sobre o tudo que enlouquece...o estranho raspar do vento numa janela de fumo que vem de fora para dentro levado pelo ar...continua a andar num passo lento como sempre, um andar sem pressa para lado nenhum, rosto pesado como se os dias tivessem a marca de uma memória que facilmente se dissolve... o lado bom de um gesto que se cruza no acaso, o cheiro a eucalipto, a óleo queimado... Há dias assim...Há dias em que o abraço pesado da vida nos arrasta pela corrente de segundos lancinantes, de esferas quadradas, ambiguas, estranhas até... o amargo do tempo, o doce do momento...a sensatez das palavras que se roem pelo silencio...Doi-te a alma às vezes...de frio, de saudade... doi-te a alma porque os amigos, aqueles amigos que tu sabes que sao como as marcas, que estao sempre lá mesmo na ausencia física dos sorrisos estão longe e deixam saudade...aqueles que não dispensamos as horas. Doi-te o pensamento como se a vida te julgasse, como se os teus pés se tivessem queimado em cores de arame farpado...Conta-me um segredo...daqueles que só nos ensinam a misturar o sal com o açucar, daqueles em que corres para o comboio num acto de bravura, daqueles em que te perdes porque sabes que não estás sozinho, daqueles em que és capaz de arrancar do tempo o que ele tem de melhor, apressar o passo, sentar à espera da viagem, encostar no ombro daquela pessoa especial e sentir que nada é amargo e que a vida tem o seu lado doce...és sempre alguma coisa na vida, um segredo, uma viagem ou uma tulipa esquecida algures em Amesterdão...

Pandora

terça-feira, outubro 23, 2007